De repente, ela entrou no consultório do analista.
Ela estava magoada, dolorida e desacreditada. Já não se permitia mais sonhar acordada com as coisas boas da vida como outrora fizera. Também não se permitia amar nem ser amada,nem ter piedade e nem mesmo se permitia sorrir. O sorriso já se havia excluído de sua face sem que ela se apercebesse disso.Carregava consigo todo o sentimento de derrota. Sentia-se quase insensível à qualquer tipo de emoção. Já não se olhava mais no espelho, não tinha vontade de ver a pessoa feia na qual se tornara (por dentro e por fora). Isso tudo doía. Quase não suportava a dor que sentia. Chegava a ter piedade de si mesma, já que o mundo não notava sua existência.
E ele a viu entrar. Então, ao invés de oferecer-lhe consolo, ele tocou mais fundo nas feridas de sua alma. Mas, quem era aquele estranho que lhe falava naquele tom? Que a acusara de ser culpada de todo o mal do qual estava acometida? É claro que ele tinha razão em alguns aspectos, mas ele não podia falar-lhe daquele modo! Ele acabara de conhecê-la e já estava perguntando sobre suas intimidades e, se ela calava em alguns momentos, ele tirava suas próprias conclusões. Diante de palavras tão duras ditas por ele, ela não suportou. Repentinamente, ela desabou em prantos. Um choro incontrolável, até então, contido, fluiu. Pacientemente ele esperou que as lágrimas secassem. Então ela se recompôs, enquanto ele receitáva-lhe um calmante. Ela foi embora, mas voltou lá outras vezes, pois sua consulta não terminara ali.
2 comentários:
É duro ser recebida assim. Mas pensando bem, com todos os problemas, ela mesma se recebe assim. Por isso se fechou a porta do coração. E creio que vai render bem esta trerapia pois o choro convulsivo deixou, de uma certa forma, mais limpa e leve já em condições melhores de ouvir.
Um beijo, Estrela Luz!!!
Um ótimo fim de semana!
Obrigada,Jorge! Ótimo fim de semana pra ti também!
Beijos!
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