Ela era uma bailarina. Quase não comia, pois temia perder a forma. Tudo o que ela tinha era aquele palco. Dia após dia ensaiando e à noite apresentando-se.
Quando ela dançava colocava o coração. Se ela estivesse triste, sua dança era sofrida. Se estivesse feliz, entrava em êxtase e bailava como uma pluma, quando se deixa levar a favor do vento. Seus movimentos eram suaves e perfeitos. A música entrava pelos seus ouvidos e era sentida na mente, no coração, na alma e a emoção vinha à tona, fazendo com que seus movimentos de pés e mãos obedecessem cada acorde.
Um dia, Ana, a bailarina, percebeu na plateia um rapaz que todas as noites estava ali, no teatro, ocupando o mesmo lugar. Ele poderia ter mil motivos para vê-la dançar, mas Ana preferia crer que era importante para ele. Preferia crer que ele estivesse apaixonado por seus movimentos, sua interpretação, por ela (por que não?). Este homem mandou-lhe flores uma vez, após o espetáculo e foi embora. Não esperou, sequer, uma palavra de agradecimento de sua parte? Mesmo assim ela estava feliz. E por estar feliz, era perfeita ao dançar. Não. Ainda faltava chegar à perfeição. Ela havia se apaixonado perdidamente por esse estranho que marcava presença, de alguma maneira, entre o público. Às vezes ele se fazia presente e às vezes seu lugar era ocupado com um buquê de flores, o qual era recolhido e enviado ao camarim de Ana, tão logo terminasse o espetáculo. Ana estava feliz.
Todos os dias as coisas aconteciam da mesma maneira. Certo dia, Ana havia decidido ousar e falar-lhe, convidá-lo para um chá logo após o espetáculo, já que ele não tomava a iniciativa. É hoje.- Disse para si mesma.- Não tenho nada a perder.
Então ela entrou em cena e começou a dançar. Ele estava lá na plateia, mas não estava só. Havia uma garota que nem era tão bonita como Ana, mas era com ela que ele estava vendo o espetáculo e trocando carinhos que chocaram a bailarina. Era na mesma cadeira que ficavam as flores que ele deixara para Ana que a moça sentara. Eles pareciam felizes.
Ana permitiu que a música penetrasse o mais profundo do seu ser. Brigou consigo, intimamente, enquanto dançava. Chorava e dançava ao mesmo tempo. Sentia a música e a emoção estava à flor da pele. A bailarina foi perfeita. O espetáculo terminou e os aplausos foram inúmeros, incessantes. O público estava de pé. A bailarina nunca havia dançado assim!
Ana nunca mais dançou, pois não mais sentira a alegria em seu coração. Ana foi esmagada pela paixão e amor que sentira. Ana sumiu e nunca mais foi vista por seu público, nem pelo homem que tanto amara. Para a Ana, restou apenas uma canção.
3 comentários:
Adooooooooooro!
Brigadinha,amiguinha!
Bjus!
Show! Adoro vir aqui! Desculpe meus pequenos sumiços. Beijos mil.
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