quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ser só pode ser muito bom

Às  vezes alguns pensamentos nos tornam reflexivos. Hoje, analisando toda a minha vida, desde a pré-adolescência até os dias atuais, cheguei à conclusão de que sempre fui só.
Vivemos ( eu e meus irmãos ) pouco tempo em companhia da nossa mãe. Outro dia, em meio a risos e brincadeiras, minha irmã comentou que ninguém "perdia" mais os filhos do que meu pai e minha mãe. Nós passeávamos muito e, mesmo nesses lugares estranhos, eles nos deixavam à vontade, pois só tinham olhos um para o outro.Apesar do tom da brincadeira sabíamos que era verdade. Não era falta de amor por nós, não! Eles eram verdadeiramente apaixonados e parecia que no mundo não havia lugar para mais ninguém além deles. Isso quer dizer que já éramos meio sós. Quando eu tinha onze anos minha mãe veio a falecer nos deixando sós e sem rumo, principalmente ao meu pai, que ficou transtornado e deixou que fosse com ela, parte dele. Assim, morreu o homem que gostava de passeios junto com a família. Depois disso, ele casou novamente. Ainda assim, permaneci só. Minha irmã não era a minha melhor amiga  e minha madrasta conversava quando estava 'a fim'. Como me sentia? Só. Namorei bastante, me apaixonei uma, duas, sei lá quantas vezes e depois de dez anos sozinha, me apareceu aquele que me propunha tirar da solidão. Casei aos 21 anos. Logo tive filhos e descobri que meu esposo também me deixava só, mas como estava acostumada, ligava ,mas não me deixava abater.Embora, certa vez eu tenha precisado me submeter à uma cirurgia e não tive esposo nem ninguém para acompanhar-me e segurar-me a mão ( minha amiga passou lá e me deu uma palavra de apoio). Meu esposo, que antes era visto como meu salvador, tornou-se também meu algoz. Sofri com isso a longo prazo. Entretanto, tinha os meus filhos que me faziam companhia. E  enquanto os meus filhos eram crianças, estávamos juntos, eu os tinha e eles a mim. Quando eles foram chegando perto dos dez anos, tive medo de morrer como minha mãe e ensinei-lhes a não dependerem de mim. De tão independentes, afastaram-se de mim e fiquei só novamente. Hoje, cada um cuida de sua vida. A solidão, descobri, não me faz mal! Ela só me faz bem.
Descobri em meus animais de estimação ( cadelas ) a companhia perfeita. Cheguei à conclusão de que o ser humano nasceu para viver sozinho. Quando nascemos, nascemos sós e com o nosso próprio esforço. A atitude de nascer, embora inconsciente, é nossa. Pai e mãe são só veículos dos quais fazemos uso para chegarmos aqui. Então, por que estamos sempre fazendo questão de companhia? Se você prestar atenção no silêncio que te rodeia, pode acabar gostando. Tem horas que não quero saber de filhos e nem de ninguém perto de mim. Alguns momentos  prefiro estar sozinha.Acredito que o homem, como os animais, nasceu para ser só. No entanto, vive buscando socializar-se. Se vivemos sós, a tendência é sermos mais verdadeiros, puros, singulares em nossa totalidade. Isso não quer dizer que não devamos nos relacionar com outras pessoas. Apenas devemos respeitar nossa privacidade, dando ênfase à nossa vontade.

Um beijo da Estrela!

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